segunda-feira, 14 de maio de 2018

TABACARIA



    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.



    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.



    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.



    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.



    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?



    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.



    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)



    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.



    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)



    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente



    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.



    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.



    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,



    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.



    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.



    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.



    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.



    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.



    Álvaro de Campos, 15-1-1928
    Fonte: 
    https://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.php

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Mulher, o elo que fortalece


Resultado de imagem para mulher e maçonaria
Foto de: http://portaldamaconaria.blogspot.com.br/2010/05/cristiane-lopes-palestra-mulher-na.html
A família maçônica está em crescimento e todos da família do maçom podem ser ativos em suas ações paramaçônicas. Existem muitas ordens femininas associadas com a Maçonaria regular, como a Maçonaria Feminina, Ordem das mulheres maçons, a Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem de Amaranth, a Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas, Santuário Branco de Jerusalém, a Ordem Social de Beauceant, Filhas do Nilo, Filhas de Jó, incluindo as esposas, filhas, mães e viúvas, por exemplo. 

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gênesis 2:18)

A presença feminina passou de um elemento secundário a algo extremamente importante na sociedade atual, sendo agora muita das vezes protagonista. Algumas culturas associavam a figura feminina ao pecado e à corrupção do homem, outras associavam a figura feminina à ideia de uma fragilidade. A figura da mulher como a esposa, a mãe, a fada do lar, mas que não tinha poder de decisão sobre o património nem sobre a educação dos filhos, sendo responsável exclusivamente pela família em aspectos domésticos, o que hoje é cada vez mais raro. As mulheres vêm aos poucos vencendo as batalhas adicionadas e aumentando o seu espaço nas estruturas sociais e assumindo cargos importantes em empresas, por exemplo.
Apesar das melhorias no que diz respeito a igualdade entre gêneros, ainda há o preconceito da mulher como líder, sempre sendo referida aos trabalhos domésticos, a menores salários e a consequente sobrecarga de função. Além da desigualdade latente que existe em vários âmbitos, a mulher sofre um monitoramento constante de suas atitudes, sofre com violência, física e moral, o que mostra a necessidade de lutar pelos seus direitos. Ainda existem muitos desafios a serem enfrentados para a efetivação de uma sociedade mais igualitária, o que é uma missão a ser concluída por toda a sociedade, tanto pelas mulheres quanto pelos homens.
            Estudando cada vez mais e estando preparadas para assumir outras funções no mercado de trabalho, funções de comando e liderança. Afirmando que a mulher de hoje tem uma maior autonomia, liberdade de expressão, bem como emancipou seu corpo, suas ideias e posicionamentos outrora sufocados. Em outras palavras, a mulher do século XXI não é mais a coadjuvante da sociedade, ela possui novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, tendo voz ativa e senso crítico. Ela abandonou a imagem de inferioridade diante da figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social.
É nesta sociedade em constante mutação que encontramos a mulher se destacando em todos os âmbitos e procurando sempre agregar valores diferentes em seu lar, família e sociedade, acordando para a importância de sua presença em todos os aspectos, incluindo a maçonaria.
A mulher é considerada o único ser onipotente, em nossas vidas, pois nascemos do útero de uma, morreremos nos braços de outra. Entre um evento e outro, em nome delas construímos a civilização e seus destinos. Nunca chegamos a compreendê-las. A natureza, para nosso alívio, nos poupou dessa missão impossível: cabe-nos apenas amá-las e respeitá-las. E o maçom deve honrar toda mulher, parente ou não. Ela deve ser tratada como um ser humano virtuoso e obra maravilhosa do Criador. Na Maçonaria é dedicado um lugar de destaque à Mulher, buscando unir as esposas, filhas e viúvas de maçons.
A Maçonaria dedica à família o melhor de suas atenções e apesar da mulher não participar diretamente dos trabalhos maçônicos, ela é a maior estrela brilhante neste universo. A mulher participa desde do ingresso do Candidato na Ordem, porque se as mesmas não concordarem, eles não terão ingresso e ao iniciar na Ordem Maçônica, é entregue a mulher dois pares de luvas brancas, sendo um par para nosso uso e o outro para a mulher que mais estimamos, simbolizando de pureza, candura e a inocência. Quando usadas pelo homem, devem relembrar-lhe a mansidão e a pureza a que está obrigado, e aquelas entregues à mulher simbolizam que o Maçom deve ter consideração pelo belo sexo, presenteando-as não à mulher que mais ama, mas aquela que considera mais digna de ser.
A sensibilidade feminina, é o grande dom para o desenvolvimento de um perfeito trabalho filantrópico, pois somente a mulher é capaz de aliar a razão e o coração, a compreender as carências dos mais necessitados e sobretudo utilizar a sua perseverança em busca de melhores soluções. A mulher é dotada de uma inteligência mais refinada, o que não causa conflito com o homem, mas que o faz perceber que ele necessita de seu trabalho complementar de extrema importância. Como na sociedade de hoje onde tudo depende de parcerias, a mulher geralmente é o elo da corrente, e cada dia mais vem conquistando novos espaços em todos os seguimentos, e consequentemente aumentou o seu grau de participação inclusive dentro da ordem.
Para que tudo ocorra de fora linear as mulheres, ou acácias, devem estar cientes da sua participação e estarem sempre prontas, para participar de evento, seja festivo ou filantrópico e de forma decisiva trabalhar em prol do bem-estar social das classes menos favorecidas da nossa sociedade, ajudando a teremos um mundo melhor. É sabido que a mulher ocupa um espaço de grande importância para um trabalho bem-sucedido, mostrando que não disputam um lugar com o homem, é aceito as diferenças, mas destacando cada um o seu valor, se completando. A certa confirmação que o Criador do Universo é sábio e perfeito e que as diferenças são muito bem-vindas.
            Na Maçonaria Brasileira não se admite a Iniciação da mulher, mas há organizações maçônicas de mulheres, inclusive no Brasil; mas não são reconhecidas pelas chamadas Potências Regulares, onde são tratadas com grande relevância porque entendemos que a mulher é o pólo basilar da família.
Existe casos de admissão da mulher pela Maçonaria, por exemplo, no século XVIII Elizabeth Aldworth (nascida St. Leger), na Loja Doneraile House, número 44, existindo também outros relatos A Loja Cayrú, número 762 do Rio de Janeiro, consta uma primeira menção sobre a presença feminina no ano de 1918, destacando a presença das Famílias e falando também da igualdade dos direitos da mulher e deram a liberdade para as cunhadas que queiram pertencer, dando apoio. Mas todo direito gera um dever e o Departamento Feminino da Loja Cayrú mantem essa máxima e cada um faz o que pode dentro de seus limites, os objetivos são alcançados e elas são vencedoras e fortalecem os laços, além de participar das atividades extramural dos trabalhos maçônicos em Loja. Um grande exemplo do que é seguido por outras lojas maçônicas em todo o país.
Tradicionalmente, o trabalho da mulher nas entidades paramaçônicas (“paramaçônico” significa “estar ao lado do trabalho maçônico”), quer auxiliando na ornamentação dos Templos, comparecendo nas sessões públicas (brancas), nos almoços e jantares festivos, chás beneficentes e outros eventos, preparando as festividades e participando de viagens de visitação, tanto nos trabalhos manuais, que são distribuídos para pessoas carentes e em de assistência e benemerência (sempre praticados pela Instituição maçônica), como na elaboração de trabalhos intelectuais, pois, além de tudo, a Maçonaria tem vivo interesse na preservação da família. A atuação feminina é necessária para promover uma estreita aproximação dos familiares com a Maçonaria e desmistificando que a condição de que o Maçom deve ser ocultada aos próprios familiares.
O conceito moderno de Maçonaria envolve toda a família natural do Maçom. Há um dito popular que nos adverte: “lembre-se, se você precisar de uma mão amiga, vai encontrá-la no final de cada um de seus braços”. Entretanto, a Ordem Maçônica afirma que mãos devem uma ajudar a si mesmo e a outra ajudar aos outros, deve fornecer um convívio fraterno, um ombro amigo, compartilhar a dor e também alegria.
A adoção de uma Ordem Paramaçônica permitiu que mulheres trabalhassem nos mesmos propósitos que os Maçons, porém em outro ambiente, sendo elas meninas, viúvas, esposas, irmãs ou mães de um Maçom. Ela fornece ensinamentos baseados na Bíblia e atende principalmente as atividades morais ou de caridade. Cada uma com seus, rituais, fundamentos bíblicos, mas principalmente auxiliando os trabalhos e mostrando que unindo a sua família à família existe uma força maior na luta por um mundo melhor.
A harmonia dos trabalhos que se unem para um bem comum respalda que a Maçonaria só nos traz alegrias, é um sinal de idoneidade, amizade, bem querer e preparo para toda a vida. Está é uma família por afinidade de pensamentos e atitudes, vivendo em harmonia, servindo e ajudando os nossos semelhantes e buscando o nosso aprimoramento como seres humanos.



Texto publicado em: 
GOMES, E. M. ; CARVALHO, J. M. F. ; CARVALHO, M. M. F. . Mulher, o elo que fortalece. In: Gomes, Eugênio Maria. (Org.). Obreiros do Conhecimento - Literatura Maçônica da A.R.L.S. Obreiros de Caratinga.. 1ed.Caratinga - MG: FUNEC, 2017, v. 5, p. 229-234.

sábado, 7 de março de 2015

É PRECISO IR EMBORA

Ano passado, na festa de despedida de uma amiga, ouvia calada e com atenção seu dolorido discurso sobre o quanto ela se preocupava com a decisão de ir embora. Dizia se preocupar com a saudade antecipada da família, com a tristeza em deixar um amor pra trás e com a dor de se afastar dos amigos. Ela iria embora para Londres com tantas incertezas sobre cá e lá, que o intercambio mais parecia uma sentença ao exílio.
Dentre dicas e conselhos reconfortantes de outras amigas, lembro-me de interromper a discussão de forma mais fria e prática do que gostaria:
“Quando você estiver dentro daquele avião, olhar pra baixo e ver todas estas dúvidas e desculpas do tamanho de formigas, voltamos a falar. E você vai entrar naquele avião, nem que eu mesma te coloque nele.”
Ela engoliu seco e balançou a cabeça afirmativa.
Penso que na época poderia ter adoçado o conselho. Mas fato é que a minha certeza era irredutível, tudo que ela precisava era perspectiva. Olhar a situação de outro ângulo, de cima, e ver seus dilemas e problemas como quem olha o mundo de um avião. Óbvio, eu não tirei essa experiência da cartola. Eu, como ela, já havia sido a garota atormentada pelas dúvidas de partir, deixando tudo pra trás rumo ao desconhecido. Hoje sei que o medo nada mais era do que fruto da minha (nossa) obsessão em medir ações e ser assertiva. E foi só com o tempo e com as chances que me dei que descobri que não há nada mais libertador e esclarecedor do que o bom e velho tiro no escuro.
Hoje a minha amiga não tem mais dúvida. Celebra a vida que ela criou pra ela mesma lá na terra da rainha, onde eu mesma descobri tanto sobre minha própria realeza. Ironicamente – e também assim como eu – ela aprendeu que é preciso (e vai querer) muitas vezes uma certa distancia do ninho. Aprendeu que nem todo amor arrebatador é amor pra vida inteira. Que os amigos, aqueles de verdade, podem até estar longe, mas nunca distantes. Hoje ela chama o antigo exílio de lar, e adora pegar um avião rumo ao desconhecido. Outras, como eu, e como ela, fizeram o mesmo. Todas entenderam que era preciso ir embora.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim,  que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua pegada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversario, você estando aqui ou na Austrália. Esse papo de “que saudades de você, vamos nos ver uma hora” é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo  que vai terminar a frase “Que saudade de você…”com  “por isso tô te mandando esse áudio”;  ou “porque tá tocando a nossa música” ou “então comprei uma passagem” ou ainda “desce agora que tô passando aí”.
Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora “da galera” que está presente quando convém.  Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.
As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir.  Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.

Fim da sessão.

Fonte: http://antonianodiva.com.br/efemerides/e-preciso-ir-embora/

sábado, 13 de dezembro de 2014

NINGUÉM MAIS NAMORA AS DEUSAS

Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo.
Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha?
As mulheres não são mais para amar; nem para casar. São para "ver".
Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones?
Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados...
As mulheres dançam frenéticas na TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura.
Os machos estão com medo das "mulheres-liquidificador".
O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas ou irmãs almejam ser (meu Deus!), é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a "Valentina", a "Barbarela", a máquina-de-prazer sem alma, turbinas de amor com um hiperatômico tesão.
Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há.
Os "malhados", os "turbinados" geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo narcisismo de mercado que as criou.
Ou, então, reprodutores como o Zafir, para o Robô-Xuxa.
A atual "revolução da vulgaridade", regada a pagode, parece "libertar" as mulheres.
Ilusão à toa.
A "libertação da mulher" numa sociedade escravista como a nossa deu nisso: Superobjetos. Se achando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor, carinho e dinheiro.
São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.
Mas, diante delas, o homem normal tem medo.
Elas são "areia demais para qualquer caminhãozinho".
Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens.
Eles vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo botas, engolindo sapos, sem o antigo charme "jamesbondiano" dos anos 60.
Não há mais o grande "conquistador".
Temos apenas os "fazendeiros de bundas" como o Huck, enquanto a maioria virou uma multidão de voyeur, babando por deusas impossíveis.
Ah, que saudades dos tempos das bundinhas e peitinhos "normais" e "disponíveis"...
Pois bem, com certeza a televisão tem criado "sonhos de consumo" descritos tão bem pela língua ferrenha do Jabor (eu).
Mas ainda existem mulheres de verdade.
Mulheres que sabem se valorizar e valorizar o que tem "dentro de casa", o seu trabalho.
E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela música, pela cultura, pela família, sem medo de parecer um "chato" ou um "cara metido a intelectual".
Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara nos homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas.
Mulheres que adoram receber cartas, bilhetinhos (ou e-mails) românticos!!
Escutar no som do carro, aquela fitinha velha dos Beegees ou um cd do Kenny G (parece meio breguinha)...mas é tão boooom namorar escutando estas musiquinhas tranquilas!!!
Penso que hoje, num encontro de um "Turbinado" com uma "Saradona" o papo deve ser do tipo:
-"meu"... o meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou ganhar fácil!."
-"Ah "meu"..o meu personal Trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nunca vou precisar de plástica". E a música???
Só se for o "último sucesso (????)" dos Travessos ou "Chama-chuva..." e o "Vai serginho"???...
Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem estereótipos!!
Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher brasileira é linda por natureza!!
Curta seu corpo de acordo com sua idade, silicone é coisa de americana que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza. E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês "malharem" e ficarem iguais à Feiticeira, fiquem... igual a feiticeira dos seriados de Tv:
Façam-os sumirem da sua vida!


 Arnaldo jabor

sexta-feira, 28 de março de 2014

A vida é feita de mudanças.


Pois em pouco tempo me vi mudando de planos. Saindo de rota de uma coisa para outra totalmente inesperado...
Formar! E para formar, viver em 2 cidades (grandes) perder o medo do desconhecido para alcançar um objetivo. Superado!

Futuro! Nem sempre é como se espera... Planos mudam e você deve saber se adequar ao que o Deus planejou para você!














Voltar para ‘casa’! Um sentimento estranho, um trabalho novo, inesperado, surpreendente e de muitos ensinamentos!
Perseguir um sonho! Não desistir nunca, pensar que foi uma pausa para alcança-lo depois! Fazer a sua parte para ter certeza que ele se realizará. E agradecer quando se realizar.


Futuro? À Deus pertence! Vamos agradecer e perseguir para o melhor aconteça! Se esforçar para não se perder no meio do caminho.



"...Só posso levantar as mãos pro céu
Agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho, lá vou eu

Se a coisa não sai do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos, lá vou eu
E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu..."

Link: http://www.vagalume.com.br/zeca-pagodinho/deixa-a-vida-me-levar.html#ixzz2xHkvehjh

segunda-feira, 24 de março de 2014

Lição dos pássaros

Já observaste a atitude dos pássaros perante as adversidades? 
Gastam dias e dias a fazer o ninho, a recolher materiais, às vezes trazidos de locais distantes...

E quando ele já está pronto e estão preparados para por os ovos, as inclemências do tempo ou a ação do ser humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se conseguiu...

O que faz o pássaro? Para, abandona a tarefa?

De maneira nenhuma. Começa, uma outra vez, até que no ninho apareçam os primeiros ovos.

Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, o mau tempo, volta a destruir o ninho, mas agora com o seu precioso conteúdo...

Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro não desiste, nem retrocede, avança cantando e construindo, construindo e cantando...

Já notaste que a tua vida, o teu trabalho, a tua família, os teus amigos não são o que sonhaste?

Dá vontade de dizer basta, não vale a pena o esforço, isto é demasiado para mim!

Estás cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estavas a ponto de conseguir?

Mesmo que a vida te golpeie mais uma vez, não te entregues nunca, faz uma oração a Deus, põe a tua esperança na frente e avança.

Não te preocupes se na batalha vais ser ferido, mas espera que algo assim aconteça.

Junta os pedaços da tua esperança, arma-a de novo e volta a ir em frente.

Não importa o que passes... 

Não desanimes, segue adiante.

A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo. E sobretudo... Nunca deixes de cantar.

Para fazer funcionar esta coisa chamada vida, é preciso aprender a depender e apoiar. Expor-se e reagir. Dar e receber. Confessar e perdoar. Ser acessível e abraçar. Soltar e confiar.

Não importa como sopre o vento. É a posição da vela e não a força do temporal que determina para onde vamos. 

Não obstante quão severamente os ventos da adversidade possam soprar, ajustemos as nossas velas e sigamos rumo à felicidade.

A felicidade é uma questão de atitude que brota da confiança em Deus, de que Ele está a trabalhar, tem o pleno controle, participa de tudo o que aconteceu, está a acontecer e vai acontecer